Jeferson viveu uma noite memorável na última terça-feira.
Em sua estreia pela Ponte Preta, ele saiu do banco de reservas para ser o herói da virada épica sobre o São Caetano, no Majestoso, com gols aos 47 e aos 60 minutos do segundo tempo.Parecia um roteiro improvável para quem estava na quarta divisão estadual de 2022, mas, diante da história de vida do atacante de 23 anos, é só mais um capítulo da sua trajetória de superação.
O cartão de visitas foi o melhor possível, também já deu para entender o estilo de jogo do centroavante, mas o torcedor da Macaca ainda não sabe muito sobre o candidato a novo xodó alvinegro. Então "segue o fio":
Jeferson, que pediu para ser chamado de Jeh quando foi anunciado, vem de uma família simples e numerosa. A origem dele é o distrito de Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo. Com cerca de 280 mil habitantes, o distrito possui mais de 15 km quadrados e abriga o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina, com cerca de 40 mil unidades.
O início no futebol foi na várzea, disputando campeonatos amadores na região. Sem passar por categorias de base, ele chegou a desistir algumas vezes do futebol profissional quando já estava na Itapirense - antes, teve uma rápida passagem pelo Grêmio Mauaense.
Ronaldo Silva, presidente da Itapirense, insistiu e convenceu Jeh a apostar em seu potencial até o atacante se destacar na campanha do acesso da Itapirense na Segundona de 2022 (equivalente à quarta divisão paulista), com 12 gols em 17 partidas.
O desempenho chamou a atenção de Ivo Sechi, observador técnico da Ponte Preta. Jeferson chegou ao Majestoso no segundo semestre, mas quando a janela de transferências já estava fechada. Então, ficou treinando, como se fosse um período de avaliação para a comissão técnica observá-lo.
Aprovado, Jeferson assinou contrato de empréstimo até o fim da temporada, com prioridade de compra da Ponte durante o período caso chegue uma proposta pelo atacante.
Depois de ficar no banco contra o Velo Clube, pela primeira rodada, Jeh entrou no intervalo diante do São Caetano. Com o gramado pesado por conta da chuva, a ideia da comissão técnica em colocá-lo no lugar de Dudu foi ganhar força e presença de área. A estratégia deu certo.
Na função de referência, o atacante mostrou oportunismo ao desviar cruzamento de Jean Carlos na segunda trave para empatar e depois subir de cabeça para virar. Tirou a camisa em uma das comemorações e acabou levando cartão amarelo.
Uma aposta com o perfil aguerrido que se identifica com as raízes do clube e que caiu na graça do torcedor logo na primeira impressão - além de elogios que recebeu de Guilherme dos Anjos, auxiliar técnico.
- Esse jogador trabalhou num nível que nunca tinha trabalhado. Ele confidenciou isso para a gente, que nunca tinha feito isso na vida, principalmente taticamente. Claro que precisa evoluir muita coisa, mas ele tem uma sustentação impressionante, a superioridade por cima, a presença de área. Trabalhou muito para isso. O Jeh ainda é um jovem muito cru na maneira de dizer, mas com muito potencial. Nós precisamos desse homem pelo estilo de jogo que temos.
Agora, Jeh vive a expectativa de ganhar a primeira chance como titular. Hélio trabalhou com ele no lugar de Dudu para o duelo contra o XV de Piracicaba, às 11h, neste sábado, no Barão da Serra Negra.